Neste semana, o Galo da Madrugada, reconhecido pelo Guinness World Records como o maior bloco carnavalesco do planeta, prepara-se para brilhar ainda mais em 2025. Desta vez, a alegoria, de mais de 30 metros de altura, vem inspirada no colorido das golas dos caboclos de lança do Maracatu Rural de Nazaré da Mata, na Zona da Mata Norte do Estado.
Para esta edição, o símbolo do carnaval pernambucano aposta no tema: Galo Cidadão Ecológico. O desfile acontecerá oficialmente, neste sábado (1º). Mas quem passar pela Ponte Duarte Coelho, no bairro da Boa Vista, no Recife, ao longo dos próximos dias, já vai poder acompanhar toda a beleza cultural do monumento artístico.
A alegoria, assinada pelos artistas Leopoldo Nóbrega e Germana Xavier, promete encantar os mais de 2 milhões de foliões esperados para o desfile. O colorido que inspira a edição do Galo da Madrugada deste ano, faz referência a técnica ancestral das golas dos maracatus rurais, brincadeira de tradição raiz, de origem africana, indigena e europeia, reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil desde 2014.
Com mais de cem anos de história, as golas são verdadeiras obras-primas da arte popular, confeccionadas à mão com miçangas, lantejoulas, espelhos e bordados. Mas nem sempre foi assim.
Nas décadas passadas, os Caboclos de Lança, figuras centrais dos Maracatus, usavam golas confeccionadas com vidrilho, material que, apesar de seu brilho intenso, era pesado e de difícil aplicação.
Nos anos 1980, a “descoberta” da lantejoula revolucionou a confecção das peças. Mais leve e fácil de bordar, a lantejoula permitiu que os artesãos criassem desenhos ainda mais elaborados, mantendo viva uma tradição que hoje é orgulho de Nazaré da Mata.
A confecção das Golas é um processo manual e ancestral, que exige paciência, habilidade e um profundo conhecimento das tradições. A técnica armorial, idealizada pelo mestre Ariano Suassuna, está presente em cada detalhe das peças. Suassuna, um dos maiores nomes da cultura pernambucana, buscava valorizar as expressões artísticas populares do Nordeste, e as golas dos maracatus são um exemplo vivo dessa proposta.
Também estão na identidade artística do Galo da Madrugada 2025, a cultura dos Caretas de Triunfo, os Caiporas de Pesqueira e o tradicional bloco Bacalhau do Batata, que anima as ruas de Olinda na Quarta de Cinzas.
Hoje, as antigas golas de vidrilho são raridades. Uma delas está exposta no Museu do Cambinda Brasileira, em Nazaré da Mata, como testemunho dessa evolução.
“Essa homenagem no Galo da Madrugada é um reconhecimento do trabalho dos nossos artesãos e artesãs, que mantêm viva uma tradição que encanta o mundo. É uma honra saber que nossa arte está sendo celebrada em um evento de tamanha grandeza” destacou a prefeita de Nazaré da Mata, Adriana Andrade Lima.