Dona Maria de Lourdes chegou ao CRAS do Alto da Santa ainda com a luz do dia. O sol começava a se esconder quando ela recebeu sua cesta de alimentos orgânicos. “Hoje tem jantar certo pra mim e pros meus netos. É comida que não faz mal, é comida de verdade”, disse, emocionada. Aos 72 anos, ela cuida sozinha de três netos desde que a filha foi embora para o Recife em busca de emprego.
Horas depois, já com a noite caindo sobre o Loteamento Tamataúpe, Seu João Luiz, de 64 anos, aguardava sua vez. “Tenho diabetes. Não posso comer qualquer coisa. Aqui veio limão, abacate, feijão verde… é tudo do jeito que o médico recomendou. Melhor do que isso, só se eu mesmo tivesse plantado”, brincou, sorrindo.
As histórias se multiplicam. São famílias como a de Luciana Dias, de 22 anos, mãe solo de duas crianças. Ela vive do Bolsa Família e de faxinas que faz quando aparece. “Quando soube que era toda quinzena essa distribuição, eu chorei. É o tipo de ajuda que não pesa. Alivia.”
Foi com essas pessoas que a Prefeitura de Nazaré da Mata deu início, na tarde e noite desta quinta-feira (30/4), ao maior programa municipal de distribuição de alimentos da sua história.
A ação prevê a entrega de três toneladas de alimentos orgânicos a cada 15 dias, beneficiando 400 famílias por mês. Tudo de graça. Tudo saudável. Tudo feito com o objetivo de garantir segurança alimentar e nutricional às famílias que mais precisam.
Ao longo de 24 meses, ou seja, dois anos, a prefeitura, com apoio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), irá distribuir, de forma contínua, o equivalente a 144 toneladas de alimentos orgânicos, fortalecendo uma política alimentar permanente e de grande alcance social.
A cada quinzena, as cestas chegam às famílias cadastradas nos CRAS — como os dos bairros Alto da Santa e Loteamento Tamataúpe, onde a ação teve início.
As cestas, compostas por macaxeira, jerimum, melancia, goiaba, feijão verde, limão, abacate e outros alimentos naturais, são distribuídas em caixas plásticas reutilizáveis. A cada entrega os alimentos vão variar de acordo com a produção dos agricultores.
Tudo vem direto da roça, sem veneno, e foi adquirido por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Cooperativa de Produção Agropecuária e Comercializacao da Agricultura Familiar – COOPERAF, formada por agricultores familiares da região do Engenho Ajudante, zona rural do município. A proposta é levar comida boa para quem precisa e, ao mesmo tempo, movimentar a economia local.
“Estamos começando o maior programa de combate à fome que Nazaré da Mata já viu. Isso não é um favor, é um direito. E a nossa gestão tem lado: o lado do povo”, afirmou a prefeita Adriana Andrade Lima, que acompanhou a distribuição ao lado do secretário de Governo Alexandre Abdon e da secretária de Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos Aninha Araújo.
A iniciativa soma-se a um conjunto de ações implantadas nos primeiros 100 dias da gestão, como o Programa Municipal de Distribuição de Sopas, que já atende semanalmente diversas comunidades, e a Cozinha Comunitária, inaugurada no último dia (17/4), responsável por fornecer mais de mil refeições por semana.
Aninha Araújo reforçou que a ação é mais do que assistência emergencial: é parte de uma política pública com visão de futuro. “Comida saudável é cuidado. A gente pensa no idoso que vive só, na mãe que tem que escolher entre pagar a conta ou comprar o feijão. Estamos aqui para mudar essa realidade”, afirmou.