Na noite desse sábado (22), o Parque dos Lanceiros, em Nazaré da Mata, transformou-se em um registro inesquecível. Histórias que não cabem em livros, mas que vivem nos versos de improviso, nos passos de frevo, nos chocalos do maracatu e no olhar de quem carrega no corpo a tradição de uma cidade que respira cultura. A prefeita Adriana Andrade Lima e o Secretário de Cultura e Turismo, Washington Dário, revelaram os nomes dos homenageados do Carnaval 2025.
A cerimônia foi um encontro de gerações. Enquanto dois dos homenageados receberam a honraria em vida, outros dois foram lembrados por quem carrega seus legados no sangue e no coração.
A Orquestra de Frevo da Sociedade Musical Euterpina Juvenil Nazarena, a Capa Bode, Patrimônio Vivo e Ponto de Cultura do Estado, embalou a noite com sua música, que atravessa séculos e ainda ecoa como um chamado à resistência. Fundada em 1888, a Capa Bode completou 137 anos em 2025, e sua presença na cerimônia foi um lembrete de que a cultura é, acima de tudo, um ato de persistência.
Manoel Carlos de França, o Mestre Barachinha, subiu ao palco com a calma de quem sabe que o tempo é um aliado. Ele não precisa de pressa. Sua vida já é um verso longo, escrito no ritmo do maracatu de baque solto.
Artesão, poeta e mestre, Barachinha é um guardião da cultura ancestral. Ele não apenas veste os brincantes de maracatu com fantasias que parecem sonhos, mas também ensina os mais jovens a improvisar versos, a manter viva a chama de uma tradição que é Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
João Paulo Ferreira da Hora, o Minuto, é filho da música. Filho de João Brasiliano da Hora, percussionista, e de dona Helena Ferreira Bezerra, contralto do coral da Igreja Catedral de Nazaré da Mata, ele cresceu ouvindo os sons da cidade e os transformou em sua linguagem.
À frente da Orquestra Capa Bode, Minuto tem levado o frevo para o Brasil e o mundo. Minuto recebeu a homenagem com a humildade de quem sabe que sua arte é coletiva, feita de muitas mãos e muitos corações.
Hilton Carlos não estava lá, mas sua presença era palpável. Representado por sua esposa, Joanita Maria de Morais Vieira, ele foi lembrado como o homem que personificou o carnaval. “Hilton era a alegria em pessoa. Ele deixou marcas de risos e passos de frevo, e sua ausência é sentida, mas sua memória continua viva nos cortejos e nas festas da cidade.
Givanilda Maria da Silva, a Mestra Gil, também não estava lá, mas sua força estava presente. Representada por seu filho mais novo, Daniel Paulo. Ela foi lembrada como a mulher que ousou desafiar as regras de um mundo dominado por homens.
Em 2004, no Dia Internacional da Mulher, fez história ao ingressar no Maracatu de Baque Solto Feminino Coração Nazareno, da Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam).
Do seu talento genuíno, criou coragem para mudar a história da cultura popular. Mestra Gil foi uma voz que ecoou além dos palcos, uma mulher que transformou sua vida em um ato político e poético.