Mestre do Maracatu Estrela Brilhante e idealizador do bloco, Mestre Barachinha. Foto: Eduardo Oliveira
Neste domingo (23), às ruas de Nazaré da Mata foram tomadas pela alegria contagiante do Bloco As Catitas de Barachinhas, que desfilou em um cortejo vibrante, celebrando a cultura popular e a tradição do Maracatu de Baque Solto. A agremiação carnavalesca é uma ideia do Mestre de Maracatu Barachinha, homenageado do Carnaval nazareno, em 2025. Evento contou com a participação do vice-prefeito, Rostand Negromonte, e do Secretário de Cultura, Turismo e Esportes, Washington Dário.
O bloco, fundado em 2019, completou cinco anos de existência e já se consolidou como uma das maiores manifestações carnavalescas da cidade, reunindo centenas de foliões, entre moradores locais e visitantes de diversas regiões de Pernambuco.
Com o apoio da Prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, o evento destacou a importância da figura da Catita, personagem central do maracatu rural, que une humor, tradição e ancestralidade.
A Catita, geralmente interpretada por homens vestidos de mulheres, é uma figura icônica do Maracatu de Baque Solto. Com o rosto pintado de preto, roupas simples e uma cesta gerere de pesca em mãos, ela surge à frente do cortejo, acompanhando a Burrinha, que abre caminho na multidão com seu chicote.
Foto: Eduardo Oliveira
Durante o desfile, a Catita interage com o público de forma descontraída, fazendo piadas, cantadas, distribuindo abraços e beijos, e conquistando a simpatia de todos com sua graça e irreverência.
No entanto, a Catita não está ali apenas para divertir. Historicamente, ela desempenha um papel fundamental no sustento do grupo durante o período carnavalesco.
Antigamente, segundo relatos dos folgazões (participantes do maracatu), a Catita aproveitava a distração do público, que se concentrava nas manobras e músicas do maracatu, para entrar nas casas dos terreiros onde o grupo se apresentava.
Naquela época, as portas das casas raramente eram trancadas, e a Catita, com sua astúcia, recolhia alimentos como farinha, carnes, frutas e outros mantimentos, guardando-os em sua cesta para alimentar o grupo após longas jornadas de festejos e viagens.
Hoje, essa prática se transformou, mas a essência da Catita como provedora permanece. Durante os desfiles, ela continua interagindo com o público, mas agora pede contribuições em dinheiro, comida ou até mesmo um gole de cachaça.
Essas doações são essenciais para garantir o sustento dos folgazões, que passam dias inteiros se apresentando e viajando de um lugar para outro. A Catita, com sua graça e perspicácia, consegue angariar recursos que ajudam a manter viva a tradição do maracatu.
No desfile deste ano, o Bloco As Catitas de Barachinhas mostrou toda a força e beleza dessa tradição. Meninos, adolescentes e homens vestidos de catitas desfilaram com coreografias cheias de humor e encanto, enquanto algumas mulheres também participaram, trazendo ainda mais diversidade e representatividade para a brincadeira. O cortejo foi animado pelos músicos que compõe o terno do maracatu.
Cabe salientar que a figura da Catita, em sua maioria, dentro da cultura do maracatu usa o chitão -, tecido estampado com cores vibrantes e desenhos florais, é um ícone da cultura popular nordestina, especialmente presente nas festas tradicionais e no vestuário típico.
Originário da Índia, o tecido chegou ao Brasil no período colonial, trazido pelos portugueses, e rapidamente se adaptou ao clima e ao gosto local. No Nordeste, o chitão ganhou status de símbolo cultural, sendo amplamente utilizado nas roupas de quadrilhas juninas, nas apresentações de reisados e bumba meu boi, além de vestir as famosas “matutas” durante as festas de São João.
Sua história reflete a miscigenação cultural e a capacidade de transformação de um material estrangeiro em elemento identitário de uma região, perpetuando tradições e enriquecendo o imaginário popular.
O homenageado do Carnaval 2054, o Mestre de Maracatu Barachinha, do Maracatu Estrela Brilhante, foi uma das figuras mais aplaudidas, celebrado por sua dedicação à cultura popular.
“O Bloco As Catitas de Barachinhas é uma joia da nossa cultura popular. Apoiar essa manifestação é valorizar nossas raízes e, ao mesmo tempo, atrair visitantes para conhecerem a riqueza do nosso Carnaval”, destacou o Secretário de Cultura e Turismo de Nazaré da Mata, Washington Dário, que desfilou pela primeira vez de catita.
Secretário de Cultura e Turismo, Washington Dário. Foto: Eduardo Oliveira