Nazaré da Mata viveu, de 1º a 3 de agosto, dias de celebração, tradição e encontro com sua própria identidade. O 1º Festival de Cultura: Viva o Maracatu transformou o Parque dos Lanceiros no coração pulsante do maracatu rural, reunindo milhares de pessoas para prestigiar um espetáculo que uniu gerações, fortaleceu a economia e projetou a cidade no cenário cultural nacional.

A sexta-feira (1º/8) começou com o som marcante do Coco da Mata, que aqueceu o público com versos improvisados, seguido pela Ciranda Bela Vista, que fez moradores e visitantes darem as mãos e girarem sob a noite estrelada. Logo depois, o Maracatu Águia Misteriosa tomou conta do palco com o brilho dos caboclos de lança, preparando o ambiente para o momento mais esperado do festival: a chegada do calunga Homem da Meia Noite.

Ícone do carnaval de Olinda, o boneco gigante fez sua estreia em Nazaré da Mata, desfilando ao lado dos maracatus rurais pelas ruas da cidade. Quando saiu do Parque dos Lanceiros, puxado pela orquestra de frevo e pela multidão, a emoção tomou conta de todos. O cortejo seguiu até a Catedral e voltou, misturando tradições, cores e energia. A presença do Homem da Meia Noite foi acompanhada pela prefeita de Olinda, Mirella Almeida, e pelo secretário de Cultura de Olinda, Luiz Adolpho, que destacaram a importância da troca cultural entre os municípios.“Vim de Olinda só para ver esse encontro histórico. Nunca imaginei ver o Homem da Meia Noite caminhando ao lado dos caboclos de lança. É um momento que vou guardar para sempre”, contou a turista Luciana Alves, emocionada.

No sábado (2/8), a festa ganhou ainda mais força. O público acompanhou o desfile de oito maracatus rurais, que levaram ao Parque dos Lanceiros a batida dos chocalhos dos caboclos de lança, colorido dos figurinos, o brilho das lantejoulas e a poesia dos mestres. Cada grupo, com seu ritmo e sua história, mostrou a riqueza de uma tradição que resiste e se reinventa. À meia-noite, a Orquestra de Frevo Zezé Correa encerrou a noite com um espetáculo vibrante, levando o frevo para os pés do público, que dançou até o último acorde.

O domingo (3/8) trouxe a energia das crianças com o Maracatu Mirim Sonho de Criança, mostrando que a tradição tem futuro garantido. Outros nove grupos se apresentaram, entre eles o Estrela Brilhante, o Leão Africano e o Beija-Flor, encerrando o festival com um grande cortejo que reuniu batuques, cantorias e a alegria contagiante dos brincantes.

Ao todo, 19 grupos de maracatu participaram do festival, recebendo seus cachês de forma integral e dentro do prazo, uma medida que, segundo a gestão municipal, reforça o respeito e a valorização dos brincantes. “Garantir o pagamento justo e imediato dos grupos era um compromisso da nossa administração. Eles são a alma da festa”, destacou a prefeita Adriana Andrade Lima.

A organização do evento também foi elogiada. Pela primeira vez, os comerciantes foram deslocados para a área externa do Parque dos Lanceiros, o que permitiu mais espaço para o público e para os grupos culturais. “No começo, a gente ficou com receio, mas foi a melhor coisa. Tivemos mais visibilidade, vendemos bem e todo mundo ficou satisfeito”, disse José Amaro, ambulante que participou dos três dias de festa.

Já entre os brincantes, o sentimento era de orgulho. “Foi lindo ver todo mundo junto, os mestres, os caboclos, os turistas vibrando. O festival mostrou que o maracatu rural está mais vivo do que nunca”, afirmou Maria Eunice, integrante de um dos grupos culturais que desfilaram na programação. 

Além da celebração cultural, o festival movimentou a economia local. Restaurantes, bares e hotéis registram grande procura, e os ambulantes comemoram o aumento das vendas. Visitantes chegaram de diversas cidades vizinhas e até do Recife, atraídos pela programação gratuita e pela oportunidade de viver de perto o maracatu rural, patrimônio cultural do Brasil.

Durante os três dias, a prefeita Adriana Andrade Lima e o secretário de Cultura e Turismo, Washington Dario, acompanharam cada detalhe do evento. Eles caminharam entre o público, conversaram com os grupos e acompanharam de perto as apresentações, reforçando o compromisso da gestão com a valorização das tradições.

Para a gestora municipal o festival é um marco. “Este evento é o início de um novo tempo para Nazaré da Mata. Mostramos que é possível fazer uma festa organizada, respeitando nossos artistas, valorizando nossas raízes e impulsionando a economia. O Viva o Maracatu é mais do que um festival, é o reflexo da nossa identidade”, afirmou