Uma menina de apenas 11 anos está colocando o nome de Nazaré da Mata, distante a 65 km da capital Recife, no mapa do debate climático nacional. Emanuely Rebeca Augusto Ferreira da Silva, aluna do 6º ano da Escola de Referência em Ensino Fundamental Capitão Plínio de Souza Monteiro, foi selecionada para representar Pernambuco na Conferência Nacional Infantojuvenil de Meio Ambiente, que será realizada em outubro, em Brasília.
A conferência é considerada uma etapa preparatória para a COP30, que ocorrerá em Belém, no Pará, em 2025, reunindo chefes de Estado e lideranças globais. Os projetos selecionados em âmbito nacional podem contribuir com propostas e diagnósticos para compor o debate mundial sobre mudanças climáticas e justiça socioambiental.
O projeto “Vozes de Comunidades Invisíveis”, que retrata questões com o futuro climático da Capital Estadual do Maracatu Rural, nasceu de um esforço coletivo entre professores e estudantes da escola pública. Coordenado pelo educador Cláudio Eduardo, ele propõe ações socioambientais em três comunidades de Nazaré da Mata, destacando como populações periféricas e rurais vivem de forma mais intensa os efeitos da degradação ambiental, embora raramente sejam ouvidas na formulação de políticas públicas.
A prefeita de Nazaré da Mata, Adriana Andrade Lima, parabenizou a iniciativa e destacou que a Prefeitura está preparada para apoiar o projeto. “O protagonismo da nossa estudante é motivo de orgulho para todo o município. A gestão municipal, por meio da diretoria de Meio Ambiente, está à disposição para colaborar na implementação das ações e incorporar os resultados desse projeto dentro da nossa agenda ambiental”, afirmou.
O processo de construção envolveu registros fotográficos, debates em sala de aula e votações estudantis, que definiram as prioridades da proposta. Para a equipe escolar, mais do que um exercício pedagógico, o projeto simboliza uma aproximação entre a escola e o território, reforçando a ideia de que a justiça climática precisa nascer de quem vive a realidade local.
Eleita delegada pelos próprios colegas, Emanuely assumiu a missão de defender o projeto nas etapas subsequentes. Sua participação ganhou destaque na fase estadual, realizada em Sairé, onde apresentou argumentos sólidos e desenvoltura incomum para sua idade.
O resultado: entre 113 trabalhos inscritos em Pernambuco — 65 de escolas públicas e 48 da rede privada —, apenas 20 foram escolhidos para a etapa nacional, incluindo o projeto de Nazaré da Mata, o único da Gerência Regional de Educação da Mata Norte a alcançar essa conquista.
A trajetória até a conferência nacional foi marcada por superações. Na fase regional, o projeto competiu com 17 propostas, sendo um dos seis classificados para a estadual. Em Brasília, Emanuely levará a experiência de sua escola e de sua comunidade para o centro do debate climático infantojuvenil.
Embora não signifique presença direta na COP30, a conferência é considerada fundamental para reunir as vozes de crianças e adolescentes do Brasil que podem influenciar a pauta internacional.