A Prefeitura de Nazaré da Mata, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, iniciou, por meio da Rede Municipal de Bibliotecas, a implantação da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ), determinada pelo Governo Federal e pelo Ministério da Educação. As primeiras ações envolveram formação para professores que atuam nas bibliotecas municipais e visita a uma comunidade quilombola.
Na quinta-feira (7/8), gestores da Secretaria Municipal de Educação e da Rede Municipal de Bibliotecas visitaram a comunidade quilombola de Trigueiros, na zona rural do município vizinho de Vicência. O grupo conheceu a escola quilombola e a associação comunitária. Trigueiros é reconhecida pela Fundação Cultural Palmares e preserva tradições agrícolas, culinárias e culturais transmitidas de geração em geração.
Para a secretária municipal de Educação, Domitila Planta, o município está atuando de forma estratégica para integrar todos os atores do processo educacional às questões étnico-raciais. “Estamos trabalhando para envolver escolas, bibliotecas, professores, estudantes, familiares e toda a comunidade. A educação é o pontapé para essa virada de chave, que vai fortalecer o respeito, a valorização da história e a igualdade racial” afirmou.
A primeira ação da política ocorreu na segunda-feira (4/8), com formação para os bibliotecários da rede municipal. O encontro apresentou as diretrizes da PNEERQ, que prevê a inclusão de conteúdos sobre história e cultura afro-brasileira e quilombola no cotidiano escolar.
A coordenadora da Rede Municipal de Bibliotecas, Aline Borges, adiantou que outras atividades serão realizadas ainda este ano. “Vamos promover rodas de conversa, atividades lúdicas, projetos nas bibliotecas, pesquisas e momentos de leitura sobre a temática. As escolas já estão se organizando para desenvolver essas ações de forma integrada “ disse.
A implantação da PNEERQ em Nazaré da Mata está ligada à história e à identidade cultural do município, reconhecido como Capital Estadual do Maracatu de Baque Solto. A cidade mantém vivas manifestações como o coco de roda e a ciranda.
Durante o período colonial, Nazaré da Mata concentrou um grande número de engenhos de cana-de-açúcar, que utilizavam mão de obra escravizada. Documentos apontam que alguns desses engenhos estiveram entre os primeiros de Pernambuco a declarar a abolição da escravatura.
Um dos episódios mais marcantes é a história de Ana Rosa, escravizada que foi levada da zona rural ao centro da cidade e morta em praça pública. No bairro do Juá, um monumento preserva sua memória como símbolo de resistência.